Corrida presidencial nos Estados UnidosMarcio Felipe Medeiros style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Acompanhar o debate a presidência nos EUA é bastante importante, pois as estratégias políticas utilizadas lá, em geral, espraiam para os demais países, incluindo o Brasil. A forma como o debate tem se desenrolado no norte, demonstra a forma como a política tem se manifestado na atual conjuntura global. Troca de acusações e truculência. Este é o tom que a campanha tem assumido até o momento nos EUA, e provavelmente, será o tom que será conduzido até o final. Em suma, é um debate de egos, no qual pontos de vista disputam para ver qual é o mais firme e melhor, mas que ideias e projetos não são devidamente discutidos. VALOR DOS MEDIADORES O cenário político apresenta uma grande carência de mediadores qualificados. Mediador é aquele que está posicionado entre dois articuladores do debate, conduzindo a argumentação, de modo a extrair materiais úteis para a sociedade na forma de propostas políticas. Com a sensacionalização da política, estamos assistindo mais a política se tornar um programa de conflitos familiares, ao invés de uma esfera de construção de projetos nacionais. Inevitavelmente caminhamos para abismos políticos. Políticos, ao redor do mundo, tem assumido cargos importantes sem propostas sólidas. Os eleitos têm obtido êxito com apenas ataques a questões pontuais e a reputações, que pouco ou nada resolvem os problemas estruturais como desemprego, crescimento econômico e desenvolvimento nacional. Os mediadores tradicionais vinculados a mídia e a segmentos organizados da sociedade, aparentemente, estão se eximindo do papel de ponderar debates e trazer à tona pontos nodais para a política nacional. O quadro do debate nos EUA tem demonstrado isto, o que tende a aparecer em menor ou maior grau na política aqui, seja neste momento ou na próxima eleição. O QUE PODEMOS ESPERAR Com uma eleição guiada através das redes sociais, podemos esperar uma sensacionalização crescente da política. Chamar a atenção através de ataques que se tornem manchetes é essencial para que políticos recebam atenção. O espetáculo certamente é o tom desta eleição marcada por uma pandemia. Associado ao show eleitoral, certamente teremos novamente o fenômeno das fake news, que acham campo fértil em um contexto de eleições via internet. Portanto, certamente veremos a canalização de paixões a partir de notícias falsas, criadas para manipular o cenário eleitoral, como ocorreu nas últimas eleições ao redor do mundo. Assistiremos a este momento histórico, marcado por uma ruptura bastante agressiva da forma de fazer política. As redes sociais, antes como mais um elemento da organização política, nesta eleição, pelo fator pandemia, assume praticamente a exclusividade de interação entre candidatos e a população. Esperamos que esta tendência ao espetáculo não seja o tom da eleição municipal que se avizinha. Vamos aguardar. |
A nova pandemiaRogério Koff style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Setores significativos da imprensa e da cultura se dedicam a censurar opiniões que não fazem parte da ideologia do politicamente correto. Um dos alvos recentes das patrulhas ideológicas que tomaram conta do cenário intelectual, artístico e midiático foi o linguista e psicólogo canadense radicado nos Estados Unidos Steven Pinker (FOTO), autor do excelente livro "O Novo Iluminismo". Em julho, uma carta com quinhentas assinaturas de uma certa Sociedade Americana de Linguística pediu a remoção do nome de Pinker de sua lista de membros prestigiados. O motivo? Pinker escreveu em uma rede social que a polícia não atira de forma desproporcional em negros. Alegou que o problema não é racial, mas o despreparo da polícia, que mata pessoas brancas e negras da mesma forma. O foco na questão racial serviria apenas para desviar a atenção do problema real. As patrulhas ideológicas acusaram Pinker de negar o "racismo estrutural". Querem comparar os Estados Unidos da atualidade com a África do Sul do apartheid? Como pode haver racismo institucional em sociedades que referendam legislações para punir crimes de racismo? É muita desonestidade intelectual. A esquerda nega evidências de que, a partir dos anos 1950, o número de negros em cargos de alto nível na sociedade norte-americana mais do que dobrou. A população negra passou a ocupar postos inclusive nas corporações policiais; as mesmas que o Black Lives Matter deseja ver extintas. OPINIÕES PROIBIDAS Outros exemplos recentes: no Brasil, o jornalista Leandro Narloch foi demitido da rede de TV CNN por ter afirmado que a incidência de HIV é maior entre homossexuais masculinos. Ainda que seja verdade, Narloch foi acusado por supostos comentários homofóbicos e por ter associado a população gay à promiscuidade. A escritora britânica J. K. Rowling, autora dos livros da saga Harry Potter, tem sofrido ataques e boicotes de suas obras por conta de militantes da ideologia de gênero. Ela foi criticada por ter ironizado nas redes sociais a expressão politicamente correta "pessoas que menstruam". Rowling também foi atacada por causa de seu livro mais recente, intitulado Troubled Blood (algo como Sangue Perturbado). Na trama, o protagonista é um homem que se veste de mulher para cometer assassinatos. O tema sequer é uma novidade e foi adaptado para o cinema originalmente por Alfred Hitchcock lá nos anos 1960. Mas a esquerda quer convencer a todos de que Rowling é uma bruxa fascista. Este é o nosso estranho tempo. Na nova ideologia da divisão social, se prega o antagonismo entre negros e brancos, homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais, ricos e pobres. Disposta a manipular a opinião pública, parte da mídia reproduz e endossa estas teses, ao mesmo tempo que descredita qualquer pessoa que se atrever a contestá-las. É a nova pandemia do politicamente correto. |